Não direi:
Que o silêncio me sufoca- e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é doutra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vasa de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais boiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quanto me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
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jueves, 31 de enero de 2013
EL BESO José Saramago
Hoy, no sé por qué, el viento ha tenido un
hermoso gesto de renuncia, y los árboles han
aceptado su quietud.
Sin embargo (y es bueno que así sea) una guitarra
organiza obstinadamente el espacio de la soledad.
Acabamos sabiendo que las flores se alimentan en
la fértil humedad.
Ésa es la verdad de la saliva.
hermoso gesto de renuncia, y los árboles han
aceptado su quietud.
Sin embargo (y es bueno que así sea) una guitarra
organiza obstinadamente el espacio de la soledad.
Acabamos sabiendo que las flores se alimentan en
la fértil humedad.
Ésa es la verdad de la saliva.
CATORZE DE JUNHO - Jose Saramago
Catorce de junio
Cerremos esta puerta.
Lentas, despacio, que nuestras ropas caigan
Como de sí mismos se desnudarían dioses.
Y nosotros lo somos, aunque humanos.
Es nada lo que nos ha sido dado.
No hablemos pues, sólo suspiremos
Porque el tiempo nos mira.
Alguien habrá creado antes de ti el sol,
Y la luna, y el cometa, el espacio negro,
Las estrellas infinitas.
Ahora juntos, ¿qué haremos? Sea el mundo
Como barco en el mar, o pan en la mesa,
O el rumoroso lecho.
No se alejó el tiempo, no se fue. Asiste y quiere.
Su mirada aguda ya era una pregunta
A la primera palabra que decimos:
Todo.
FICA COMIGO ESTA NOITE - Clara Maria Barata
Obra por publicar
Fica comigo esta noite
deixa que amanheça nos teus braços
embalada pelo rumor das tuas águas
abraça-me devagar
sem tempo
desenha com a tua boca o contorno do meu corpo
grava em mim o sabor deste momento
numa linguagem de beijos e suor
não me olhes
na ausência dos barcos que partiram
e talharam na memória não mais que um adeus
fica comigo esta noite
desvenda essa luz que a treva esconde
cala a urgência dos beijos que não demos
não perguntes quanto tempo dura a eternidade.
Fica comigo esta noite
deixa que amanheça nos teus braços
embalada pelo rumor das tuas águas
abraça-me devagar
sem tempo
desenha com a tua boca o contorno do meu corpo
grava em mim o sabor deste momento
numa linguagem de beijos e suor
não me olhes
na ausência dos barcos que partiram
e talharam na memória não mais que um adeus
fica comigo esta noite
desvenda essa luz que a treva esconde
cala a urgência dos beijos que não demos
não perguntes quanto tempo dura a eternidade.
DIA DO MAR - Sophia De Mello Breyner Andressen
MAR SONORO
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim
PROVAVELMENTE ALEGRÍA, José Saramago
LÁ NO CENTRO DO MAR
Lá no centro do mar, lá nos confins
onde nascem os ventos, onde o sol
sobre as águas doiradas se demora;
Lá no espaço das fontes e verduras,
dos brandos animais, da terra virgem,
onde cantam as aves naturais:
Meu amor, minha ilha descoberta,
é de longe, da vida naufragada,
que descanso nas praias do teu ventre,
enquanto lentamente as mãos do vento,
ao passar sobre o peito e as colinas,
erguem ondas de fogo em movimento.
Lá no centro do mar, lá nos confins
onde nascem os ventos, onde o sol
sobre as águas doiradas se demora;
Lá no espaço das fontes e verduras,
dos brandos animais, da terra virgem,
onde cantam as aves naturais:
Meu amor, minha ilha descoberta,
é de longe, da vida naufragada,
que descanso nas praias do teu ventre,
enquanto lentamente as mãos do vento,
ao passar sobre o peito e as colinas,
erguem ondas de fogo em movimento.
FLORBELA ESPANCA, in LIVRO DE SOROR SAUDADE
FANATISMO
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!...
Tipogr. A Americana, Lisboa, 1923
Tomado del grupo de facebook Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!...
Tipogr. A Americana, Lisboa, 1923
Tomado del grupo de facebook Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen
martes, 22 de enero de 2013
Vinicius, no plural. Paixão, Poesia e Carnaval. Homenaje en el Carnaval de Brasil 2013
En el Carnaval de Brasil 2013 la Union da Ilha do Governador ha escogido como tema para su presentación la vida del poeta, diplomático, compositor y dramaturgo VINICIUS DE MORAES.
La sinopsis preparada por Alex de Souza lo presenta así:
A POESIA
ILHA - Quando nasceu a poesia na sua vida?
POETA - A poesia paterna, que encontrara numa gaveta velha em casa, foi a minha
grande e decisiva influência. Desejei imenso fazer versos assim, versos de amor. Eu
havia sempre laborado na arte da poesia, desde os mais verdes anos. Às vezes, em meio aos brinquedos com os irmãos, na Ilha do Governador, fugia e ia me ocultar no quarto,
a folha de papel diante de mim.
Era tão estranho aquilo! Eu de nada sabia ainda, senão que tinha nove anos e Cocotá
era o meu mundo, com sua praia de lodo, seu cajueiro e seus guaiamuns. Mas sabia
vibrar em presença da folha branca que me pedia versos, viva como uma epiderme que
pede carinho.
O menino dentro de seu quarto dentro da Ilha, dentro da baía, dentro da cidade, dentro
do país, dentro do mar, dentro do mundo.
Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.
Linha por linha, como psicografado, o poema - o meu primeiro poema - começou a
brotar de mim.
Amava era amar. Amava a mulher. A mais não poder. Por isso fazia seu grão de poesia
E achava bonita a palavra escrita. Por isso sofria. Da melancolia de sonhar o poeta
que quem sabe um dia poderia ser.
Eu mostrava meus sonetos aos meus amigos - eles mostravam os grandes olhos abertos.
A poesia é tão vital para mim que ela chega a ser o retrato de minha vida. Portanto
julgar minha poesia seria julgar minha vida. E eu me considero um ser tão imperfeito...
Pensei que nunca poderia ser poeta.
ILHA - E os Poetas ?
POETA - Me liguei muito a Bandeira, Drummond, Pedro Nava e outros...
Uno de los temas que se tratarán guarda relación con la película Orfeu da Conceição La preciosa canción "A FELICIDADE" es cantada con verdadera hermosura. Es esa felicidad efímera, la causa de dicha que hoy aún es vigente... la felicidad del pobre, de quienes viven en las favelas, por estar presente en esa mañana de Carnaval. Es el compromiso con algo grande, es la identidad, es el baile, es la música, es el arte, es la disciplina por hallar un logro, es la fuerza de la unión, es la integración a una comunidad, es el sabor de patria... Cuántas cosas se desarrollan para un día tan especial, cuántos talentos, cuántos sueños. Es que la pobreza no se da en el bolsillo, la pobreza se da en el alma y muchos de ellos son verdaderamente ricos.... con los pies descalzos, no se distraen en la vanalidad.
¡¡¡Que mi amada Brasil, los tenga siempre presentes!!!
Brasil.... mi corazón nació allí.... "Meu Brasil Brasileiro"
María Cecilia
La sinopsis preparada por Alex de Souza lo presenta así:
Vinicius de Moraes cuja pluralidade é reconhecida em suas obras, pensamentos e
paixões receberá por ocasião do seu centenário nossa homenagem. Para
compreender melhor o homem e o poeta, resolvemos criar um diálogo imaginário,
tomando como respostas seus poemas, contos e entrevistas.
En relación a la poesía el diálogo imaginario destaca la influencia paterna en su desarrollo:
A POESIA
ILHA - Quando nasceu a poesia na sua vida?
POETA - A poesia paterna, que encontrara numa gaveta velha em casa, foi a minha
grande e decisiva influência. Desejei imenso fazer versos assim, versos de amor. Eu
havia sempre laborado na arte da poesia, desde os mais verdes anos. Às vezes, em meio aos brinquedos com os irmãos, na Ilha do Governador, fugia e ia me ocultar no quarto,
a folha de papel diante de mim.
Era tão estranho aquilo! Eu de nada sabia ainda, senão que tinha nove anos e Cocotá
era o meu mundo, com sua praia de lodo, seu cajueiro e seus guaiamuns. Mas sabia
vibrar em presença da folha branca que me pedia versos, viva como uma epiderme que
pede carinho.
O menino dentro de seu quarto dentro da Ilha, dentro da baía, dentro da cidade, dentro
do país, dentro do mar, dentro do mundo.
Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.
Linha por linha, como psicografado, o poema - o meu primeiro poema - começou a
brotar de mim.
Amava era amar. Amava a mulher. A mais não poder. Por isso fazia seu grão de poesia
E achava bonita a palavra escrita. Por isso sofria. Da melancolia de sonhar o poeta
que quem sabe um dia poderia ser.
Eu mostrava meus sonetos aos meus amigos - eles mostravam os grandes olhos abertos.
A poesia é tão vital para mim que ela chega a ser o retrato de minha vida. Portanto
julgar minha poesia seria julgar minha vida. E eu me considero um ser tão imperfeito...
Pensei que nunca poderia ser poeta.
ILHA - E os Poetas ?
POETA - Me liguei muito a Bandeira, Drummond, Pedro Nava e outros...
Uno de los temas que se tratarán guarda relación con la película Orfeu da Conceição La preciosa canción "A FELICIDADE" es cantada con verdadera hermosura. Es esa felicidad efímera, la causa de dicha que hoy aún es vigente... la felicidad del pobre, de quienes viven en las favelas, por estar presente en esa mañana de Carnaval. Es el compromiso con algo grande, es la identidad, es el baile, es la música, es el arte, es la disciplina por hallar un logro, es la fuerza de la unión, es la integración a una comunidad, es el sabor de patria... Cuántas cosas se desarrollan para un día tan especial, cuántos talentos, cuántos sueños. Es que la pobreza no se da en el bolsillo, la pobreza se da en el alma y muchos de ellos son verdaderamente ricos.... con los pies descalzos, no se distraen en la vanalidad.
¡¡¡Que mi amada Brasil, los tenga siempre presentes!!!
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
(...)A felicidade é como a gota
(...)E cai como uma lágrima de amor
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
(...)Pra tudo se acabar na quarta-feira
La música es un legado muy preciado, por ello hablar de Bossa Nova es imperioso en este homenaje y el tema se da así:
BOSSA NOVA
ILHA - Fale-me de sua música.
POETA - Não falo de mim como músico, mas como poeta. Não separo a poesia que
está nos livros da que está nas canções. Era uma insatisfação minha verificar que a
poesia de livro atingia um número tão reduzido de pessoas.
Dizem, na minha família, que eu cantei antes de falar. E havia uma cançãozinha que eu
repetia e que tinha um leve tema de sons. Fui criado no mundo da música, minha mãe e
minha avó tocavam piano, eu me lembro de como me machucavam aquelas valsas
antigas. Meu pai também tocava violão, cresci ouvindo música. Depois a poesia fez o
resto.
A música começou mesmo na década de 50, quando voltei de meu primeiro postodiplomático no exterior, em Los Angeles. Agora, eu sempre fazia minhas músicas, antes, mesmo sozinho, mas sem nenhum intuito de editar ou ver cantar. Aos 15 anos tive uma experiência interessante: eu me liguei a uma dupla vocal, que havia aqui, chamada Irmãos Tapajós, e comecei a compor com eles.
ILHA - Durante os cerca de quatro anos em solo americano, você se apaixonou pelo jazz, que futuramente seria uma das raízes fundamentais para a Bossa Nova. Tom Jobim teve uma formação semelhante e João Gilberto, no interior da Bahia, também se interessava pelo mesmo estilo musical e, coincidentemente, teve as mesmas influências dos músicos cariocas. E o marco foi “Chega de saudade”, com Elizeth Cardoso e depois gravado por João Gilberto.
Você acha que a influência do jazz foi boa para a bossa nova?
POETA - Acho que foi uma influência muito boa. Com a influência do jazz, abriu tudo
isso, você podia introduzir qualquer instrumento num conjunto de samba, os instrumentistas improvisavam, as harmonias melhoraram muito e se enriqueceram, os instrumentistas tornaram-se excelentes e conheciam profundamente seus instrumentos, como é o caso de aden e Tom. A influência foi benéfica porque houve uma descaracterização de nossa música. O samba estava sempre presente na bossa nova.
Além disso, a bossa nova trouxe mais alegria e bom humor à nossa música, que andava
muito voltada para a tristeza, a dor de corno, a fossa, naquela época do Antonio Maria.
Eram músicas muito bonitas, o chamado samba de boate. Com a bossa nova a coisa ficou mais sadia, mais otimista, os sentimentos eram mais de comunicação, mais legais.
Bossa nova é mais um olhar que um beijo; mais uma ternura que uma paixão; mais um recado que uma mensagem.
Vai, minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai
Tanto assim que eu sou um dos pouquíssimos compositores brasileiros que atravessou
essas gerações todas. Eu fiz música com o Pixinguinha, o Ary Barroso, com o pessoal
da geração do Antonio Maria, o Paulinho Soledade; depois peguei o Tom, o Baden, o
Carlos Lyra, o Edu, o Francis e, em 69, o Toquinho. E mesmo com caras mais jovens
que o Toquinho eu já fiz música, como o Eduardo Souto Neto, o João Bosco.
Es que adoro a Vinicius De Moraes, Tom Jobim, Toquinho, Joao Gilberto, Caetano Veloso, Chico Buarque,Dorival Caymmi, Jaques Morelenbaum, Rosa Passos, Gal Costa, Marcos Valle, Wanda Sá, Roberto Menescal, Nara Leao, Elian Elias, Maria Bethania. Los sambistas Arnoldo Cruz, Jorge Aragao, Luiz Melodia, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, .. Paulinho da Viola, Fundo do quintal, Diogo Nogueira, Joao Nogueira.....y muchísimos más.Brasil.... mi corazón nació allí.... "Meu Brasil Brasileiro"
María Cecilia
sábado, 19 de enero de 2013
Agua, Vida y Tierra - JULIA DE BURGOS
Yo fui estallido fuerte de la selva y el río,
y voz entre dos ecos, me levanté en las cuestas.
De un lado me estiraban las manos de las aguas,
y del otro, prendían me sus raíces las sierras.
Cuando mi río subía su caricia silvestre
en aventuras locas con el rocío y la niebla,
con el mismo amor loco que impulsaba mi sueño,
lejos de sorprenderlo, me hospedaba en las sierras.
Pero si alguna sombra le bajaba a los ojos,
me repetía en sus aguas hasta dar en la arena,
y era mi grito nuevo como un tajo en el monte
que anegaba las calles y golpeaba las puertas.
A veces la montaña se me vestía de flores
e iniciaba en mi talle curvas de primavera.
Quien sabe en qué mañana se apretaron mis años
sobre senos y muslos y caderas de piedra!
Se treparon mis ojos al rostro de los árboles
y fueron mariposas sus vivas compañeras:
así es como en los prados voy buscando las flores,
y alas pido en las almas que a mi vida se acercan.
Mis dedos arañaron la fuerza de los riscos,
y juraron ser índices de mis futuras vueltas;
por eso entre los cuerpos doblados de los hombres,
como puntales puros de orientación se elevan.
Yo fui estallido fuerte de la sierra y el río,
y crecí amando el río e imitando la sierra...
Una mañana el aire me sorprendió en el llano:
ya mi raíz salvaje se soltaba las riendas!
Pálidas ceremonias saludaron mi vida,
y una fila de voces reclamaron la prenda...
Mis labios continuaron el rumor de las fuentes
donde entrañé mis años y abastecí las venas.
De ahí mi voz de ahora, blanca sobre el lenguaje,
se tiende por el mundo como la dio la tierra!
viernes, 18 de enero de 2013
El ámbito de la escritora en la poesía IV
La escritora JULIA DE BURGOS, nace en Carolina, Puerto Rico el 17 de Febrero de 1914. Crece en un hogar humilde compuesto por 13 hermanos y solo ella pudo finalizar sus estudios de secundaria y se preparó para el magisterio en la Universidad de Puerto Rico.
Mantuvo una postura crítica y justa en relación con la situación de la mujer, lucha pos los derechos reaccionando en contra las normas y convencionalismos de la sociedad que entorpecían la participación y su desarrollo por lo que se une al grupo político "Las Hijas de la Libertad". En sus escritos estimuló la liberación femenina y promovió el concepto de una mujer autónoma, el reconocimiento de su potencial, capacidad para controlar su vida y no permitía que fueran consideradas inferiores.
En el poema A JULIA DE BURGOS, se presentan la postura dual entre la apariencia, la sumisión, la lucha y la esencia... Son palabras fuertes que como espolones empujan a la mujer a buscar su lugar.
En el siguiente vídeo Maiyyin Pupo declama con mucha fuerza y sentimiento el poema:
Mantuvo una postura crítica y justa en relación con la situación de la mujer, lucha pos los derechos reaccionando en contra las normas y convencionalismos de la sociedad que entorpecían la participación y su desarrollo por lo que se une al grupo político "Las Hijas de la Libertad". En sus escritos estimuló la liberación femenina y promovió el concepto de una mujer autónoma, el reconocimiento de su potencial, capacidad para controlar su vida y no permitía que fueran consideradas inferiores.
YO MISMA FUI MI RUTA
Yo quise ser como los hombres quisieron que yo fuese:
un intento de vida:
un juego al escondite con mi ser.
Pero yo estaba hecha de presentes,
y mis pies planos sobre la tierra promisoria
no resistían caminar hacia atrás,
y seguían adelante, adelante,
burlando las cenizas para alcanzar el beso
de los senderos nuevos.
A cada paso adelantado en mi ruta hacia el frente
rasgaba mis espaldas el aleteo desesperado
de los troncos viejos.
Pero la rama estaba desprendida para siempre,
y a cada nuevo azote la mirada mía
se separaba más y más y más de los lejanos
horizontes aprendidos:
y mi rostro iba tomando la expresión que le venía de adentro,
la expresión definida que asomaba un sentimiento
de liberación íntima;
de liberación íntima;
un sentimiento que surgía
del equilibrio sostenido entre mi vida
y la verdad del beso de los senderos nuevos.
Ya definido mi rumbo en el presente,
me sentí brote de todos los suelos de la tierra,
de los suelos sin historia,
de los suelos sin porvenir,
del suelo siempre suelo sin orillas
de todos los hombres y de todas las épocas.
Y fui toda en mí como fue en mí la vida...
Yo quise ser como los hombres quisieron que
yo fuese:
un intento de vida;
un juego al escondite con mi ser.
Pero yo estaba hecha de presentes;
cuando ya los heraldos me anunciaban
en el regio desfile de los troncos viejos,
se me torció el deseo de seguir a los hombres,
y el homenaje se quedó esperándome.
En el poema A JULIA DE BURGOS, se presentan la postura dual entre la apariencia, la sumisión, la lucha y la esencia... Son palabras fuertes que como espolones empujan a la mujer a buscar su lugar.
En el siguiente vídeo Maiyyin Pupo declama con mucha fuerza y sentimiento el poema:
A JULIA DE BURGOS
Ya las gentes murmuran que yo soy tu enemiga
porque dicen que en verso doy al mundo tu yo.
Mienten, Julia de Burgos.
Mienten, Julia de Burgos.
La que se alza en mis versos no es tu voz: es mi voz porque tú eres ropaje y la esencia soy yo;
y el más profundo abismo se tiende entre las dos.
Tú eres fría muñeca de mentira social,
y yo, viril destello de la humana verdad.
Tú, miel de cortesanas hipocresías;
yo no; que en todos mis poemas desnudo el corazón.
Tú eres como tu mundo, egoísta;
yo no; que todo me lo juego a ser lo que soy yo.
Tú eres sólo la grave señora señorona;
yo no; yo soy la vida, la fuerza, la mujer.
Tú eres de tu marido, de tu amo yo no,
yo de nadie, o de todos,
porque a todos, a todos,
en mi limpio sentir y en mi pensar me doy.
Tú te rizas el pelo y te pintas;
yo no;
a mí me riza el viento;
a mi me pinta el sol.
Tú eres dama casera, resignada, sumisa, atada a los prejuicios de los hombres;
yo no;
que yo soy Rocinante corriendo desbocado olfateando horizontes de justicia de Dios.
Tú en ti misma no mandas;
a ti todos te mandan;
en ti mandan tu esposo, tus padres, tus parientes, el cura, la modista, el teatro, el casino, el auto, las alhajas, el banquete, el champán, el cielo y el infierno, y el qué dirán social.
En mí no, que en mí manda mi solo corazón, mi solo pensamiento;
quien manda en mí soy yo.
Tú, flor de aristocracia;
y yo, la flor del pueblo.
Tú en ti lo tienes todo y a todos se lo debes,
mientras que yo,
mi nada a nadie se la debo.
Tú, clavada al estático dividendo ancestral,
y yo, un uno en la cifra del divisor social, somos el duelo a muerte que se acerca fatal.
Cuando las multitudes corran alborotadas dejando atrás cenizas de injusticias quemadas
y cuando con la tea de las siete virtudes, tras los siete pecados,
corran las multitudes,
contra ti, y contra todo lo injusto y lo inhumano,
yo iré en medio de ellas con la tea en la mano.
_________________________________________________
Los sentimientos hacia su esposo le inspiraron poemas de amor bellísimos, pero desafortunádamente el matrimonio duró poco y quizás esto la lleva a una profunda depresión entregándose al alchohol y muriendo poco tiempo después.
DONDE COMIENZAS TU
Soy ola de abandono,
derribada, tendida,
sobre un inmenso azul de sueños y de alas.
Tú danzas por el agua redonda de mis ojos
con la canción más fresca colgando de tus labios.
¡No la sueltes, que el viento todavía azota fuerte
por mis brazos mojados,
y no quiero perderte ni en la sílaba !
Yo fui un día la gaviota más ave de tu vida.
Mis pasos fueron siempre enigma de los pájaros.
Yo fui un día la más honda de tus edades íntimas.
El universo entero cruzaba por mis manos.
¡Oh día de sueño y ola;
Nuestras dos juventudes hacia el viento estallaron.
Y pasó la mañana,
y pasó la agonía de la tarde muriéndose en el fondo de un lirio
y pasó la alba noche resbalando en los astros,
exhibiéndose en pétalos
y pasó mi letargo...
Recuerdo que al mirarme con la voz derrotada,
las dos manos del cielo me cerraron los párpados.
Fue tan sólo una ráfaga,
una ráfaga húmeda que cortó mi sonrisa
y me izó en los crepúsculos entre caras de espanto.
Tú nadabas mis olas retardadas e inútiles,
y por poco me parto de dolor esperando.
Pero llegaste, fértil,
más intacto y más blanco.
Y me llevaste, épico,
venciéndote en ti mismo los caminos cerrados.
Hoy anda mi caricia
derribada, tendida,
sobre un inmenso azul de sueños con mañana.
Soy ola de abandono,
y tus playas ya saltan certeras, por mis lágrimas.
¡Amante, la ternura desgaja mis sentidos...
Yo misma soy un sueño remando por tus aguas !
_______________________________________
NOCHE DE AMOR EN TRES CANTOS
I - OCASO
¡Cómo suena en mi alma la idea
de una noche completa en tus brazos
diluyéndome toda en caricias
mientras tú te me das extasiado!
¡Qué infinito el temblor de miradas
que vendrá en la emoción del abrazo,
y qué tierno el coloquio de besos
que tendré estremecida en tus labios!
¡Cómo sueño las horas azules
que me esperan tendida a tu lado,
sin más luz que la luz de tus ojos,
sin más lecho que aquel de tu brazo!
¡Cómo siento mi amor floreciendo
en la mística voz de tu canto:
notas tristes y alegres y hondas
que unirán tu emoción a tu rapto!
¡Oh la noche regada de estrellas
que enviará desde todos sus astros
la más pura armonía de reflejos
como ofrenda nupcial a mi tálamo!
II - MEDIA NOCHE
Se ha callado la idea turbadora
y me siento en el sí de tu abrazo,
convertida en un sordo murmullo
que se interna en mi alma cantando.
Es la noche una cinta de estrellas
que una a una a mi lecho han rodado;
y es mi vida algo así como un soplo
ensartado de impulsos paganos.
Mis pequeñas palomas se salen
de su nido de anhelos extraños
y caminan su forma tangible
hacia el cielo ideal de tus manos.
Un temblor indeciso de trópico
nos penetra la alcoba. ¡Entre tanto,
se han besado tu vida y mi vida...
y las almas se van acercando!
¡Cómo siento que estoy en tu carne
cual espiga a la sombra del astro!
¡Cómo siento que llego a tu alma
y que allá tú me estás esperando!
Se han unido, mi amor, se han unido
nuestras risas más blancas que el blanco,
y ¡oh milagro! en la luz de una lágrima
se han besado tu llanto y mi llanto...
¡Cómo muero las últimas millas
que me ataban al tren del pasado!
¡Qué frescura me mueve a quedarme
en el alba que tú me has brindado!
III - ALBA
¡Oh la noche regada de estrellas
que envió desde todos sus astros
la más pura armonía de reflejos
como ofrenda nupcial a mi tálamo!
¡Cómo suena en mi alma la clara
vibración pasional de mi amado,
que se abrió todo en surcos inmensos
donde anduve mi amor, de su brazo!
La ternura de todos los surcos
se ha quedado enredando en mis pasos,
y los dulces instantes vividos
siguen, tenues, en mi alma soñando...
La emoción que brotó de su vida
-que fue en mí manantial desbordado-,
ha tomado la ruta del alba
y ahora vuela por todos los prados.
Ya la noche se fue; queda el velo
que al recuerdo se enlaza, apretado,
y nos mira en estrellas dormidas
desde el cielo en nosotros rondando...
Ya la noche se fue; y a las nuevas
emociones del alba se ha atado.
Todo sabe a canciones y a frutos,
y hay un niño de amor en mi mano.
Se ha quedado tu vida en mi vida
como el alba se queda en los campos;
y hay mil pájaros vivos en mi alma
de esta noche de amor en tres cantos.
¡Cómo suena en mi alma la idea
de una noche completa en tus brazos
diluyéndome toda en caricias
mientras tú te me das extasiado!
¡Qué infinito el temblor de miradas
que vendrá en la emoción del abrazo,
y qué tierno el coloquio de besos
que tendré estremecida en tus labios!
¡Cómo sueño las horas azules
que me esperan tendida a tu lado,
sin más luz que la luz de tus ojos,
sin más lecho que aquel de tu brazo!
¡Cómo siento mi amor floreciendo
en la mística voz de tu canto:
notas tristes y alegres y hondas
que unirán tu emoción a tu rapto!
¡Oh la noche regada de estrellas
que enviará desde todos sus astros
la más pura armonía de reflejos
como ofrenda nupcial a mi tálamo!
II - MEDIA NOCHE
Se ha callado la idea turbadora
y me siento en el sí de tu abrazo,
convertida en un sordo murmullo
que se interna en mi alma cantando.
Es la noche una cinta de estrellas
que una a una a mi lecho han rodado;
y es mi vida algo así como un soplo
ensartado de impulsos paganos.
Mis pequeñas palomas se salen
de su nido de anhelos extraños
y caminan su forma tangible
hacia el cielo ideal de tus manos.
Un temblor indeciso de trópico
nos penetra la alcoba. ¡Entre tanto,
se han besado tu vida y mi vida...
y las almas se van acercando!
¡Cómo siento que estoy en tu carne
cual espiga a la sombra del astro!
¡Cómo siento que llego a tu alma
y que allá tú me estás esperando!
Se han unido, mi amor, se han unido
nuestras risas más blancas que el blanco,
y ¡oh milagro! en la luz de una lágrima
se han besado tu llanto y mi llanto...
¡Cómo muero las últimas millas
que me ataban al tren del pasado!
¡Qué frescura me mueve a quedarme
en el alba que tú me has brindado!
III - ALBA
¡Oh la noche regada de estrellas
que envió desde todos sus astros
la más pura armonía de reflejos
como ofrenda nupcial a mi tálamo!
¡Cómo suena en mi alma la clara
vibración pasional de mi amado,
que se abrió todo en surcos inmensos
donde anduve mi amor, de su brazo!
La ternura de todos los surcos
se ha quedado enredando en mis pasos,
y los dulces instantes vividos
siguen, tenues, en mi alma soñando...
La emoción que brotó de su vida
-que fue en mí manantial desbordado-,
ha tomado la ruta del alba
y ahora vuela por todos los prados.
Ya la noche se fue; queda el velo
que al recuerdo se enlaza, apretado,
y nos mira en estrellas dormidas
desde el cielo en nosotros rondando...
Ya la noche se fue; y a las nuevas
emociones del alba se ha atado.
Todo sabe a canciones y a frutos,
y hay un niño de amor en mi mano.
Se ha quedado tu vida en mi vida
como el alba se queda en los campos;
y hay mil pájaros vivos en mi alma
de esta noche de amor en tres cantos.
_____________________________________
OH MAR, NO ESPERES MÁS
Tengo caído el sueño,
y la voz suspendida de mariposas muertas.
El corazón me sube amontonado y solo
a derrotar auroras en mis párpados.
Perdida va mi risa
por la ciudad del viento más triste y devastada.
Mi sed camina en ríos agotados y turbios,
rota y despedazándose.
Amapolas de luz, mis manos fueron fértiles
tentaciones de incendio.
Hoy, cenizas me tumban para el nido distante.
¡Oh mar, no esperes más!
Casi voy por la vida como gruta de escombros.
Ya ni el mismo silencio se detiene en mi nombre.
Inútilmente estiro mi camino sin luces.
Como muertos sin sitio se sublevan mis voces.
¡Oh mar, no esperes más!
Déjame amar tus brazos con la misma agonía
con que un día nací. Dame tu pecho azul,
y seremos por siempre el corazón del llanto?
y la voz suspendida de mariposas muertas.
El corazón me sube amontonado y solo
a derrotar auroras en mis párpados.
Perdida va mi risa
por la ciudad del viento más triste y devastada.
Mi sed camina en ríos agotados y turbios,
rota y despedazándose.
Amapolas de luz, mis manos fueron fértiles
tentaciones de incendio.
Hoy, cenizas me tumban para el nido distante.
¡Oh mar, no esperes más!
Casi voy por la vida como gruta de escombros.
Ya ni el mismo silencio se detiene en mi nombre.
Inútilmente estiro mi camino sin luces.
Como muertos sin sitio se sublevan mis voces.
¡Oh mar, no esperes más!
Déjame amar tus brazos con la misma agonía
con que un día nací. Dame tu pecho azul,
y seremos por siempre el corazón del llanto?
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